Chelyabinsk-40

Eae galera do mal, beleça?
Perambulando em alguns sites de curiosidades, encontrei uma matéria que me chamou a atenção, talvez pelo fato de eu ser fascinada por história.
Todo mundo aqui já ouviu falar em Chernobyl, certo? Se não, esta foi uma cidade muito importante, localizada no norte da Ucrânia. Em 1970 foi construída pela União Soviética uma usina nuclear, que em 86 ocorreu um acidente, onde os reatores explodiram, enviando uma nuvem radioativa por uma vasta extensão, contaminando pessoas, animais e todo o ambiente. Hoje é uma cidade fantasma.
Com Chelyabinsk a história é um pouco parecida.
Entre os Montes Urais e a alguns quilômetros da fronteira com o Cazaquistão, está localizada a pequena cidade russa de Ozyorsk, que é conhecida por ser o lugar mais radioativo do planeta. Logicamente, esse título não foi conquistado de uma hora pra outra e a história da cidade nos permite entender melhor o que aconteceu para que esse lugar acumulasse taxas de radioatividade suficientes para matar uma pessoa em algumas horas.
Ozyorsk passou a aparecer no mapa e ser conhecida pelas pessoas somente após 1992, quando o presidente Boris Yeltsin assinou um decreto que permitia que cientistas e pesquisadores pudessem explorar a área.
Antes disso, a cidade secreta recebeu os nomes de Chelyabinsk-40 e Chelyabinsk-65, sendo que Chelyabinsk era uma referência ao centro administrativo mais próximo e os números representavam o código postal da localidade – essa era uma maneira comum de dar nome a cidades fechadas.

Instalações de Mayak

Já o mistério que pairava sobre Chelyabinsk-40 vinha das atividades que o governo soviético realizava no local. Na década de 1940, a cidade foi escolhida como sede da “Mayak”, um centro de produção de material nuclear que foi mantido em segredo até 1990.
Quando a existência de Mayak foi oficializada, os registros já mostravam 21% de aumento na incidência de câncer, 25% de aumento nos problemas no nascimento e 41% de aumento nos casos de leucemia em toda a região de Chelyabinsk. Estima-se que 65% da população tenha sido afetado pela radiação, sendo que os médicos tinham que atestar que seus pacientes sofriam de uma “doença especial”, pois eram proibidos de mencionar a radioatividade em seus diagnósticos.
O principal objetivo da Mayak era produzir armas a partir do Urânio-238 encontrado nas montanhas da região. Em 1948, o primeiro reator começou a funcionar, convertendo urânio em plutônio para enviar o material para os construtores de bombas.
Porém, todos os esforços da construção visaram otimizar a produção da matéria nuclear e deixaram de planejar uma maneira adequada para descartar os resíduos. Sendo assim, o rio Techa – que abastecia cerca de 40 cidades e vilas da região – foi um dos destinos dos resíduos nucleares.
Depois de três anos infectando o rio, o governo soviético enviou pesquisadores para se certificar de que a situação estava sob controle. Os cientistas descobriram que, em apenas uma hora, o rio emitia 25% da radioatividade liberada na região durante um ano inteiro. Essa constatação fez com que milhares de famílias fossem realocadas.
Mas o problema persistia e o governo precisava encontrar um novo destino para os resíduos de sua produção nuclear. Foi quando, em 1951, o lago Karachay foi escolhido especialmente por não ter contato com qualquer outro rio ou nascente, o que fez com que os responsáveis imaginassem que o material depositado ali não se espalharia para outros lugares. Testes posteriores mostraram que a água do lago Karachay pode entrar em contato com o pântano Asanov, que também fica na região.
Além de poluir os rios e lagos, a Mayak sofreu alguns acidentes nucleares de grandes proporções que contribuíram para aumentar os riscos de radioatividade da região. Em 1957, a explosão de um tanque resultou na dispersão de 50 a 100 toneladas de matéria de alto nível radioativo.
Ainda, em 1968, o próprio lago Karachay sofreu um período de estiagem e ficou seco. O vento acabou dispersando a poeira radioativa que estava depositada no fundo do lago em uma área de 2,3 mil quilômetros quadrados, atingindo cerca de 500 mil pessoas. Nos anos 1990, cientistas descobriram que a taxa de radiação emitida pelo lago (600 Röntgen) era suficiente para matar uma pessoa em uma hora.

Lago Karachay

Em 2003, as instalações da Mayak tiveram suas atividades revogadas. Hoje, o rio Techa contém pequenas quantidades de césio e o lago Karachay teve parte de seu leito coberto com concreto, mas ainda não é possível controlar a contaminação da população local e reverter os problemas foram causados durante tantos anos.

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