[Resenha] Dragões de Éter: Corações de Neve - Raphael Draccon


Eu já contei que o querido do Raphael é meio fora da casinha né? Não me entendam mal, ele é um puta de um escritor e digo isso porque é mesmo e atire o primeiro marca-páginas quem discordar.Depois de reunir Chapeuzinho Vermelho e João e Maria, agora ele resolve misturar em Corações de Neve (o segundo livro da trilogia Dragões de Éter) mais um punhado de ingredientes.

Em Caçadores de Bruxas, a história se passava em maior parte ao redor de Ariane Narin, João e Maria Hanson, Axel Branford e a tal da caça às bruxas. Já em Corações de Neve boa parte da história se passa ao redor de Anísio Branford e sua esposa Branca Coração-de-Neve, mas sem parar por aí Draccon ainda inclui os Sete Anões claro, Merlin, Arthur Pendragon, o Rei da Máscara de Ferro, a Bela Adormecida, a Bela e a Fera, o Mago de Oz, Robin Hood, Gilgamesh e tem citações à Atlântida (reino submerso de Nova Ether), Eragon, Pinóquio e Don Juan de Marco.

Putz-grila, como o tal bardo na pele do escritor diria, quem pensaria em um príncipe que é praticante de pugilismo? Tornemos as coisas fáceis e talvez se terá uma noção: pense lá no príncipe Harry, ou mesmo o filho de um grande presidente; agora pense nesse homem sendo o melhor jogador de futebol da atualidade; agora pense em um evento como a Copa do Mundo com mais de 200 mil espectadores em uma única cidade; junte isso tudo e ainda assim não será possível imaginar um Axel Terra Branford sendo a maior atração como atleta de um torneio como o Punho de Ferro. Não sei se cheguei perto de mostrar, ou de fazê-los imaginar, como ler essa obra é pensar sobre a nossa realidade. Não sei também se a ideia de Raphael era essa, equiparar um torneio de pugilismo à uma Copa.

As feiticeiras ainda estão por perto. Um anão surge do continente Ocaso a bordo de um avião navio que voa e traz consigo um competidor fora de série para o Punho de Ferro, além de muita tecnologia orientais, posso sentir seus movimentos. Snail Galford e Liriel Gabiani fazem duas facções extintas surgirem como uma única sociedade secreta. Robin Hood é libertado e quer o mesmo para Sherwood. O mundo vai mudar novamente e eu sentirei falta de Muralha. Raphael Draccon compara com maestria, metaforicamente ou não, um reino habitado por fadas e bruxas ao nosso mundinho real e com tudo que tem direito. E não nos deixa esquecer da fé e de nunca parar de sonhar.

Muita pessoas pensam, e já me falaram isso, que um livro pra ser bom tem que ser um mega famoso best-seller (com todos os pleonasmos e redundâncias possíveis) e Dragões de Éter foi lançado em 2007 sem muito alarde. Comprei o box com os três livros na sombra mesmo e não me arrependo nem um pouco disso (quem nunca?). Engana-se quem pensa que essa salada toda teria um resultado ruim. Não tenho medo, muito pelo contrário, de dizer que esta é a melhor série de livros que eu já li e não me venham falar sobre Harry Potter, Percy Jackson, O Guia do Mochileiro das Galáxias, Brumas de Avalon ou até mesmo Crepúsculo. É uma história incrível, de uma riqueza enorme de detalhes e personagens que em nenhum momento deixa a desejar. E é justamente essa ~zona~ que torna essa história imprevisível sem que saibamos quais são os heróis, vilões, mocinhos ou quadjuvantes e quais verdadeiras faces são apenas descobertas no fim do livro. E que pode mudar no próximo, quem sabe.

Nos próximos dias, serão publicados aqui trechos do livro que valem a pena ser lidos, mesmo por quem não queria encarar 1000 e poucas páginas de muita aventura.

Fazendo um adendo: eu já comecei a ler Círculos de Chuva (terceiro volume da série) e posso dizer que não fica por baixo dos dois primeiros livros e em poucas páginas já surgiram João (aquele do pé de feijão) e o Quebra-Nozes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário