- sempre
detestei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas
definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos.
tudo perda de tempo. viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos
e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua
adoraçao ou seu desprezo. o que não faz você mover um músculo, o que não faz
você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia. sou o que se chama
de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou
um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que
imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob
uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova
que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber
se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los.
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de
tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil,
do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o
resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura o bastante
ainda. Ou nunca serei.
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